Pocha, esse mês foi muito proveitoso e o que mais falamos foi sobre perdão, o que eu mais desejei esse mês eu levei. :D! Não ia postar mais nada esse mês ou seja, até as 0h, mas quando vi esse texto falei: "Esse tem que ir pro blog!" Então segue ele:
A trajetória do perdão
Esses dias eu li a história de uma iraniana que ganhou na justiça o direito de se vingar do seu agressor que lhe cegou com ácido sulfúrico. Ela vai devolver na mesma moeda e o cegará também. A justiça iraniana permite esse tipo de revide, pois lá aplicam o “olho por olho e dente por dente”. Ela justificou seu desejo dizendo que a forma de amenizar sua dor de anos é saber que ele também a sofrerá. Na verdade, ela escolheu conviver com essa dor para sempre.
De todos os ensinos de Jesus, o perdão é, sem dúvidas, o mais sensível. Ele ensinou que esse ato deve ser contínuo e não pode ser retido, não importando o que sofremos ou quem nos feriu. Jesus também nos ensinou que o pecado está relacionado a um débito e perdoar significa abrir mão dessa cobrança. No original, perdoar é abandonar (Mt 18: 15-35).
A grande dificuldade de se perdoar está justamente nisso. Hesitamos em abrir mão do nosso direito de justiça ou revide. A injustiça é que mais nos machuca e mata por dentro. Ninguém tiraria de letra a dor da morte brutal de um inocente filho, a perda de um familiar em um acidente de trânsito com um condutor embriagado, uma traição, uma agressão.
O perdão é um caminho que deve ser caminhado. Ele não está disponível em nós. Tem de ser construído. E essa construção é muito dolorosa, pois exige, muitas vezes, que reencontremos o agressor, que presenciemos a cena do ocorrido, que, de certa forma, traz à tona o sofrimento vivido. Eu não quero ser hipócrita em afirmar que o perdoar é uma tarefa fácil e livre de dores. É difícil, mas muito necessária.